| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1082-1 | ||||
Resumo:A resistência microbiana (RM) associada às zoonoses e zooantroponoses é considerada, mundialmente, um desafio atual e relevante à saúde pública. É reconhecido que a saúde humana está intimamente ligada à saúde dos animais e do ambiente compartilhado, uma vez que animais e humanos são colonizados por espécies compartilhadas de microrganismos e usualmente tratados com as mesmas classes de antimicrobianos quando infectados. Nesse contexto, as tetraciclinas têm sido amplamente empregadas para prevenir e tratar infecções bacterianas, tanto em humanos quanto em animais de estimação, incluindo cães e gatos. Entretanto, o surgimento de RM às tetraciclinas, principalmente mediada pelos genes TetA e TetB, tem limitado o seu uso. Considerando que houve um aumento substancial na aquisição e convívio com animais de estimação nas últimas décadas e que estes animais podem servir como reservatórios de bactérias multirresistentes, nota-se a importância de se investigar a epidemiologia de marcadores de resistência nessa população, a fim de oportunizar medidas de prevenção e controle. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo investigar a ocorrência dos genes TetA e TetB de resistência às tetraciclinas em bacilos Gram-negativos (BGNs) isolados de amostras clínicas de cães e gatos. A extração do DNA bacteriano foi realizada utilizando-se choque térmico a partir de cultura pura em ágar Mueller Hinton. Para verificar a viabilidade do DNA para as análises genotípicas subsequentes, confirmou-se a identificação do gene codificante da fração 16S do rRNA por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A investigação molecular dos marcadores TetA e TetB também foi realizada via PCR, utilizando-se iniciadores e condições específicas de termociclagem. As reações foram estabelecidas em volume final de 50 μL, empregando-se 50 a 500 ng de DNA extraído. Os produtos amplificados foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a 1% e comparados com um padrão de tamanhos disponível comercialmente. Foram incluídos neste estudo 94 isolados clínicos derivados de 80 cães e 14 gatos. Desses, 67% (n=63) amplificaram para o gene TetA, sendo a maioria Escherichia coli (47,6%; n=30), seguido de Klebsiella spp. (25,4%; n=16), Proteus spp. (12,7%; n=8), Enterobacter spp. (6,3%; n=4), Acinetobacter spp. (4,8%; n=3) e Citrobater spp. (3,2%; n=2). Para o gene TetB, observou-se positividade em 19,1% (n=18) dos isolados, representados por E. coli (55,6%; n=10), Klebsiella spp. (33,3%; n=6) e Proteus spp. (11,1%; n=2). Quatorze (14,9%) isolados eram portadores dos genes simultaneamente, correspondentes a E. coli (n=6), Klebsiella spp. (n=6) e Proteus spp. (n=2). Em síntese, nosso estudo revelou um quantitativo relevante de BGNs portadores dos genes TetA e TetB derivados de espécimes clínicos de animais de companhia. Estes vêm recebendo atenção crescente no contexto da RM devido ao contato próximo com os humanos, o que oferece oportunidade para a transmissão de microrganismos multirresistentes. A RM é um fenômeno complexo e outros estudos se fazem necessários para estabelecer evidências epidemiológicas da dinâmica de transmissão entre humanos e animais. Palavras-chave: animais de estimação, resistência à tetraciclina, zoonose Agência de fomento:Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Chamada Pública FAPESC Nº 15/2021), Programa Uniedu de Bolsas de Pesquisa e Extensão (Artigo 171) do Estado de Santa Catarina e Fundo de Apoio à Pesquisa da Univille (FAP/Univille | |||||